Bebês reborn: polêmica nas redes sociais gera debate jurídico e propostas legislativas

Bonecas ultrarrealistas que simulam recém-nascidos dividem opiniões, impulsionam mercado e motivam discussões sobre limites do colecionismo e saúde mental

Os bebês reborn, bonecas hiper-realistas que imitam com precisão recém-nascidos, têm ganhado destaque nas redes sociais e na mídia, gerando debates acalorados sobre os limites entre hobby, terapia e comportamento socialmente aceitável. Enquanto alguns veem a prática como uma forma legítima de expressão ou auxílio emocional, outros questionam os impactos psicológicos e sociais dessa tendência.

O que são bebês reborn?

Criados inicialmente na Alemanha nos anos 1990, os bebês reborn são bonecas confeccionadas artesanalmente para se assemelhar a bebês reais, com detalhes minuciosos como pele macia, veias aparentes, cabelos implantados fio a fio e peso semelhante ao de um recém-nascido. Utilizados por colecionadores, terapeutas e entusiastas, esses bonecos podem custar de R$ 400 a R$ 4.500, dependendo do nível de realismo e dos materiais empregados.

Viralização e controvérsias

A popularidade dos bebês reborn aumentou significativamente com a disseminação de vídeos nas redes sociais, nos quais adultos simulam rotinas maternas com as bonecas, incluindo trocas de fraldas, passeios e até partos. Um exemplo notório é o vídeo da influenciadora "Sweet Carol", que simulou o nascimento de um bebê reborn, gerando milhões de visualizações e uma enxurrada de comentários, tanto positivos quanto críticos.

Famosos também aderiram à tendência. O padre Fábio de Melo, por exemplo, adquiriu uma boneca reborn com síndrome de Down durante uma viagem aos Estados Unidos, em homenagem à sua mãe falecida. A apresentadora Nicole Bahls apresentou um porco reborn em suas redes sociais, ampliando ainda mais o alcance do fenômeno.

Debates legais e legislativos

A crescente visibilidade dos bebês reborn levou a discussões no âmbito jurídico e legislativo. No Rio de Janeiro, a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei que institui o "Dia da Cegonha Reborn", destinado a homenagear as artesãs que produzem essas bonecas. A proposta aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes para entrar em vigor.

Paralelamente, surgiram iniciativas para regulamentar ou até proibir a comercialização e o uso dos bebês reborn, especialmente quando associados a práticas que possam ser consideradas inadequadas ou prejudiciais. Essas propostas geram debates intensos sobre liberdade individual, expressão artística e saúde pública.

Perspectivas psicológicas

Especialistas em saúde mental têm opiniões divergentes sobre o uso dos bebês reborn. Alguns profissionais reconhecem o potencial terapêutico das bonecas, especialmente para pessoas que enfrentam lutos ou dificuldades emocionais. Outros alertam para o risco de substituição de relações humanas por vínculos com objetos inanimados, o que poderia indicar ou agravar transtornos psicológicos.

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