Quando o sonho vira pesadelo — O protetor de animais


Por Sandra Campos

Muitas pessoas têm um coração enorme e um amor profundo pelos animais. Começam acolhendo um cão ou gato abandonado, depois outro, e mais um. No início, parece um gesto de amor, de cuidado, de fazer a diferença. Porém, com o tempo, esse sonho pode se tornar um peso difícil de carregar. Por mais boa vontade que exista, os custos crescem: ração, vacinas, vermífugos, castrações, consultas veterinárias. A pessoa tenta fazer campanhas de adoção, mas nem sempre encontra quem queira acolher. E quando os filhotes crescem, fica ainda mais difícil — porque a maioria só quer adotar animais pequenos. Assim, o número de animais aumenta, e os gastos também.

Então a pessoa que sonhava em salvar vidas começa a enfrentar dificuldades. Muitas vezes se vê pedindo ajuda para comprar ração, dividindo o pouco que tem entre os animais e suas próprias necessidades. E as pessoas continuam entregando mais animais abandonados, porque sabem que ela “não consegue dizer não”.

A frustração aparece. A pessoa começa a se sentir sobrecarregada, culpada, impotente. Ela queria fazer o bem, mas se percebe carregando tudo sozinha. Vem a dívida. Vem o medo. Vem o cansaço emocional. E junto com isso, vem a depressão, a solidão e o desespero. A protetora ou protetor, que antes tinha brilho no olhar, agora sente que está se afogando. Se sente tentando salvar o mundo, mas sem ninguém estende a mão para salvá-la. E a pergunta surge: O que fazer? Como ajudar quem cuida?

A resposta começa com algo simples: acolhimento. Palavras de incentivo. Carinho. Compreensão. Ajudar com campanhas de arrecadação de ração, compartilhar, divulgar, oferecer apoio emocional e prático. Porque criticar não ajuda. Criticar adoece. Criticar empurra ainda mais para o abismo. 

É extremamente importante que o poder público tenha um olhar humano para essas pessoas que fazem o que deveria ser responsabilidade social e estatal — proteger a vida animal. Mas enquanto isso não acontece, nós podemos fazer nossa parte: apoiar ao invés de julgar. Deixo essa reflexão como mãe que perdeu seu filho para o suicídio aos 24 anos. Sei o tamanho da dor. Sei o que significa perder alguém para o sofrimento invisível.

Sandra Campos — Ativista pela Vida.

Se estiver precisando de ajuda, me ligue (11) 94813-7799



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