'Não Olhe para Cima' acerta ao denunciar virtualidade como relacionamento, diz Carlos Vereza

O ator e diretor Carlos Vereza, no ar em “O Cravo e a Rosa” onde dá vida a Joaquim, comenta sobre o sucesso atual da Netflix, o longa “Não Olhe para Cima”.

Por Carlos Vereza

Segundo uma sensitiva, Nancy Lieder, que teria sido contactada por extraterrestres, Nibiru se chocaria com a Terra em 2003. 

Sobre o “ Não Olhe para Cima”, a cada instante,lembrava-me do doutor Strangelove, de Stanley Kubrick, magistralmente interpretado por Peter Sellers, de 1964. Filme que conseguiu equilibrar o tom de sátira à maior denúncia do estado militarista da época. Isso no auge da guerra fria. 

“O Não Olhe para Cima” tenta através da farsa metaforizar mais a sociedade americana, a alienação hipnótica da população, em detrimento de melhores valores, do que mesmo dar protagonismo ao “astro”  assustador. Perfeito.

Vai bem ao denunciar a virtualidade como relacionamento, as sinistras redes sociais como uma onipresente realidade paralela.

Acho a escalação de Merryl Streep e de Leonardo Di Caprio erradas. Ela porque força a mão na caricatura o que esvazia a credibilidade e dramaticidade da parte final do filme. 

E Leonardo, embora se esforce para compor um tipo que o distancie dos inúmeros galãs de sua profícua carreira, me pareceu pouco à vontade como o cientista lutando contra o indiferente sistema. 

Talvez o “não olhar para cima” seja fechar os olhos para a irreversível degradação da sociedade americana, hoje refém da Agenda progressista. 

Importante a exibição pela Netflix, ultimamente mais voltada para banalidades.

Carlos Vereza é ator, diretor e músico. Atuou em várias produções do cinema e da televisão, além de ser um dos nomes mais importantes do teatro. Entre seus personagens marcantes está o senador Roberto Caxias na novela “O Rei do Gado”. No cinema, um de seus maiores trabalhos foi “Memórias do Cárcere”.

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